domingo, fevereiro 22, 2009

Na rota da Maçonaria Elvense

História Local.Fichas de História Local- nº41, in Linhas de Elvas. A história da Maçonaria Elvense desenvolveu-se praticamente em dois períodos de transformação radical da história portuguesa : a Revolução do Porto de 1820 e no período republicano em Portugal (1910-1926). E, se no primeiro destes períodos as lojas maçónicas em Elvas pouco ou nada contribuiram para a vida e trajectória da política local, durante a Primeira República uma parte significativa dos maçons elvenses determinaram a vida do poder local durante os quinza anos das experiência republicanas em Portugal. Na época liberal, três lojas são identificadas, a Loja da Liberalidade, a Loja 21 de julho e a Loja União Transgna. Provavelmente, e anterior a estas, terá existido uma de natureza militar sem confirmação e associada ao período de vivência do Conde Lippe pela nossa cidade. Mas talvez a mais importante foi sem dúvida a Loja da Liberalidade fundada quase meio século depois em 1818 ou 1820, contudo as figuras associadas a esta loja eram deveras importantes na vida local. Citando desde logo o nome do Bispo de Elvas, D. Frei Joaquim Menezes de Ataíde que, atraído pelos valores da Liberadade, Fraternidade e Igualdade, participou activamente na vida política portuguesa tal como o Bispo D. Manuel Cunha, cento e oito anos antes. O governador da Praça, Thomas Stubbs, era outra das figuras de referência onde não faltava o Coronel António Brito, comandante do popular Regimento de Infantaria nº 5 estacionado na cidade. Os militares dominavam esta loja e alguns deles participaram na guerra civil contra os ideais absolutistas de D.Miguel. As outras lojas do séc. XIX ficaram no anonimato mas sem figuras de "proa". Com a República os ideais maçónicos voltavam a reunir os maçons, a Loja da Emancipação, quase se identifica com o humanista Júlio de Alcântara Botelho e com o mecenas da cultura elvenseAntónio Torres de Carvalho. Os militares a alguns proprietários da classe média acompanhavam os ideais políticos da loja de emancipação cujo objectivo prioritário era o domínio da vida política local. O Quarto Triângulo sem granderepresentação apresentava vultos com a figura do Comandante Interino do Forte da Graça em 1928, o elvense José Jacome de Santana da Silva e, o Triângulo nº 165, foi a única loja fundada fora dos muros da praça, tinha sede em Barbacena de matriz popular e tinha no entusiasmo do Professor primário José Dias Ferreira a sua razão de existência. Mas sem dúvida que a Loja da Emancipação foi sem dúvida a mais bem sucedida se tivermos presente que Júlio de Alcântara Botelho foi Presidente da Câmara em 1910 e 1919, António Torres de Carvalho, Administrador do Concelho em 1911, Raul Carlos Rebelo (1915-1917) e José Dias Barroso Administrador entre 1917-1918. Outras funções desde a presidência do Clube Elvense à condição de provedorda Santa Casa da Misericórdia ou Mesário da Confraria do Senhor da Piedade foram assumidas por alguns maçons. Outros são identificados ao longo dos dois últimos séculos em lojas regionais e nacionais, não faltando a presença feminina como as médicas Adelaide Cabete e Maia Conceição Brazão ou a doméstica Maria Joaquim Lopes Nogueira. Na História da Maçonaria de Elvas o cruzamento entre militares e a igreja é um facto curioso reduzindo o carácter anti-clerical dos liberais e republicanos de outras eras...Postado por Arlindo Sena