quarta-feira, março 25, 2009

Os administradores do Concelho de Elvas ou o símbolo do Centralismo

História Local : - O triunfo do Liberalismo em Portugal não impediu a construção de um estado forte tal como foi o "Estado Absoluto", todavia criou nas várias cidades e vilas de Portugal formas de poder que de forma simultânea servia ao mesmo tempo os interesses do governo central e os interesses locais. Essa forma de intervenção manifestava-se através de uma autoridade administrativa que não era mais que o Administrador do concelho, cujas funções na prática era exercidas paralelamente com a liderança da câmara, entre as mesmas podemos citar: "executar as deliberações da câmara municipal; realizar as operações de registo civil; exercer funções de polícia e de manutenção deordem pública; realizar a superintendencia das escolas e assegurar o regulamento dos mancebos para o exército". A primeira eleição para o administrador de Elvas ocorreu em 25 de Setembro de 1835, depois de um complexo sistema eleitoral que elegeu o primeiro administrador Manuel Rodrigues Silvano por um período de dois anos, numa época em que a cidade Portalegre por influência do Partido Regenerador e depois Progressista procurava se afirmar como o primeiro centro político do Distrito situação que se concretiza durante o período de governo de Fontes Pereira de Melo e que justifica a sucessão de administradores oriundos da aristocracia portalegrense a partir de meados do século XIX. Assim o regresso dos elvenses na qualidade de administradores do concelho ocorre já no século XX, quando o municipalismo proposto pelo Partido Republicano Português e depois Partido Democrático, favorece a eleição dos naturais de cada localidade entre os quais José Barroso Dias, homem ligado à banca, primeiro à Companhia de Crédito Predial Português e ao Banco Luso Espanho, por duas vezes nomeado para o cargo de administrador do concelho nos períodos de 1917-1919 e 1920-1922. No período republicano, desempenharam este cargo de natureza centralista e ao serviço do Poder Central durante a Primeira República uma autêntica dinastia de elvenses de referência o aristocrata Júlio Botelho de Alcântara (1911) , o advogado Raul Carlos da Silva Rebelo (1915-1917), o capitão José Jacome de Santana da Silva (1919) o capitão João Miguel Simões (1922), o único elvense natural de uma vila rural que ocupou um lugar de referência durante a Primeira República e o irmão do Dr. João Camoesas, Ministro da República, Augusto Camoesas o último administrador entre 1924-1926. Postado por Arlindo Sena.