segunda-feira, abril 06, 2009

Uma acção de solidariedade e fraternidade da sociedade elvense

História Local- No Verão de 1883, a Espanha preparava-se para a mudança de regime, todavia essa tentativa golpista, só ocorreu nas regiões da Catalunha, Rioja e Extremadura, quando vários regimentos militares procuraram mudar o curso da História de Espanha mesmo sem os apoios o envolvimento inicial de todas as forças militares e regionais para a revolta republicana no Estado vizinho. De resto, o insucesso organizativo dos republicanos, era demais evidente e os próprios monárquicos sabiam considerando que até o próprio presidente do Governo Práxedes Mateo Sagasta, avisado pelas quatro da madrugada da acção dos militares, simplesmente afirmou: "Pero, ? nadie les ha dicho que no son horas de hacer la Revolución ?" . Ao mesmo tempo que em Badajoz os regimentos nº9 de cavalaria, nº 41 de Infantaria e uma Companhia de Artilharia, ocupavam no dia 5 de Agosto os Paços do Concelho atirando pela janela fora o retrato de D. Afonso II. Porém os revoltosos sob comando do Coronel de Infantaria Ascencio Vega, em menos de vinte e quatro horas eram obrigados a partir para o exílio uma vez que uma coluna militar dirigida pelo General Ramón Blanco, dirigia-se para Badajoz para sufocar a acção militar. E neste contexto, que a cidade de Elvas entrava na história do levantamento militar de 1883 em Badajoz. De facto, os revoltosos caminhavam em direcção ao Caia procurando exílio em terras portuguesas, em número de 600, em fila, a pé e desarmados, recebidos pelas autoridades militares, caminharam até Elvas, um periódico local dava a notícia: "Elvenses! já sabeis, em virtude de uma revolução malograda, entram nas vossas muralhas centenas de homens, que como vês, têm pais a quem respeitar, mães a quem dedicar os extremos afectos, filhos a quem desejar felicidades infinitas, amigos a quem deixar muitas saudades, recordações queridas, que nunca se apagam, acolheios, abraça-os, dá-lhes o que puderdes, sobretudo hospitalidade, que nunca faltou entre portugueses aos que por acaso ou infelicidade, não tiveram choça ou fortuna". Os dias que se seguiram são descritos pela documentação oficial como de tristeza e de tragédia, para muitas famílias de Badajoz que entravam pela porta de armas para se despedir dos seus filhos e maridos, uma vez que o futuro dos revoltosos seria a emigração para a América Latina. A 9 de Setembro de 1883, a cidade monárquica e patriótica de Elvas, preparava-se para ver partir os conspiradores espanhóis disfarçadas à civil, acompanhados à Estação do Caminho de Ferro, pelo Regimento de Infantaria nº4 em direcção à capital do reino com apoio dos emigrados espanhóis radicados em Lisboa. Cerca de três anos depois alguns dos exilados deixavam as suas ideias nos periódicos locais, entre eles destacamos, José Garcia, António Giménez e Adolfo Vasquez, os dois últimos radicados em Paris e conhecendo a realidade portuguesa e a difusão e afirmação do ideário republicano e não esquecendo a atitude solidária e fraterna, dos elvenses escreviam " O povo portugês é bom e generoso, e esse acolhe-o fraternalmente, mas se o povo é bom, o governo é mau, porque é covarde e indigno". Postado por Arlindo Sena