quinta-feira, setembro 24, 2009

I - Terras da Raia do Distrito de Portalegre.

O espaço fronteiriço que será objecto do nosso estudo em alternância com as reflexões sobre “Elvas Portuguesa”, terá como finalidade divulgar a evolução histórica das cidades de Portalegre e Elvas e das vilas do Marvão, Arronches e Campo Maior, no período contemporâneo com algumas retrospectivas a outras épocas históricas.Em termos de espaço geográfico, trata-se de uma vasta região definida em termos de demarcação territorial pelo menos desde o século XIII, com algumas episódicas alterações. Estas populações fronteiriças, que evoluíram ao longo do tempo histórico, ocupam uma área espacial correspondente a cerca de 44% do espaço territorial do Alentejo e uma área aproximadamente de 441.0777 ha. do território nacional. Ao largo da sua trajectória histórica, estas populações se afirmaram como fundamentais para a defesa da soberania portuguesa, graças a uma rede de castelos que foram edificados e fortalecidos com obras de modernização ao longo dos tempos medievais e modernos. Por outro lado, desde meados do século XVI até há Época Contemporânea, a evolução histórica das populações do distrito portalegrense foram marcadas sempre por realidades administrativas diferenciadas e por uma evolução económica distinta. De facto, Elvas (em 1513) e Portalegre (em 1550) foram elevadas à categoria administrativa de cidades, enquanto as vilas de Marvão (1226), Arronches (1255) e Campo Maior (1229) continuaram na mesma categoria administrativa e em dependência directa, por razões políticas e sociais, das cidades mencionadas pelo menos até ao início do Estado Novo. Do ponto vista económico, a agricultura constituiu a base económica do distrito de Portalegre, com excepção das cidades de Portalegre e Elvas. A primeira, capital do distrito e em conflito permanente com a cidade de Elvas a partir de meados do séc. XIX por razões de liderança administrativa , na vida económica afirmava-se como o núcleo industrial mais importante do distrito, realidade de resto válida, pelo menos desde meados do séc. XVII. A segunda, Elvas, considerada como uma das praças militares de referência do Reino, desde a época da Regeneração, [ainda que a presença efectiva e permanente de forças militares de carreira seja uma realidade de meados do séc. XIX], quando na mesma época a cidade raiana se afirma como o “ centro comercial ” mais importante do distrito em função das facilidades comerciais que a economia transfronteiriça favorecia numa época em que o caminho-de-ferro, a Linha de Leste chegava a Badajoz. No caso das populações das vilas de Marvão, Arronches e Campo Maior, seguiram a sua trajectória histórica com base na exploração directa das riquezas geradas pela terra, em particular de uns bens rústicos que pertenciam a um grupo restrito de proprietários exteriores a estes municípios e que na sua maioria, se identificavam com algumas casas aristocráticas. Apesar de algumas alterações na geografia das propriedades destas localidades depois da Revolução Liberal e das Reformas Legislativas que então ocorreram. E que permitiram a ascensão de alguns novos proprietários residentes nos centros urbanos e que então disputavam a aquisição das antigas terras senhoriais da aristocracia portuguesa. De facto nas últimas décadas de Novecentos, algumas herdades de Marvão se encontravam sob domínio de alguns proprietários e industriais da cidade Portalegre. O mesmo se verificava com as melhores terras de Campo Maior, disputadas pelos grandes proprietários de Elvas, muitos deles até há pouco tempo registados na documentação como rendeiros. Mais singular era a realidade da vila de Arronches, cuja demarcação das terras de melhor qualidade, dedicadas há exploração da plantação de olival, se repartiam, entre as diversas famílias de Elvas e Portalegre, ainda que algumas surgem na documentação registadas como património de algumas ordens religiosas. ( Continua)