sábado, abril 10, 2010

4.4. Elvas Portuguesa: O funcionalismo militarizado sobrepunha-se a uma fidalguia escassa e modesta.

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A Nobreza na época da modernidade continuava ao longo dos séculos XVII e XVIII, a caracterizar - se por uma fidalguia ao serviço da coroa portuguesa e por essa razão os governadores da praça eram em tempo de paz os mais altos dignitários da aristocracia elvense. De facto, só em 1799 e que podemos falar na presença de militares de carreira, com a nomeação do Tenente General, D. Francisco Xavier de Noronha, que apesar de tudo, continuava a tradição das armas da nobreza uma vez que se trata do Conde de S.Lourenço, título nobiliárquico que se mantinha na sua família há mais de um século. É certo, que a meio século XVII, o Marechal de Campo, Guillerme Luís António Valleré, militar de carreira exerceu o cargo de Governador Militar mas tal função deve ser observado no contexto das obras militares que ocorriam em Elvas e nomeadamente no Forte de Graça. Por outro lado, há que distinguir uma fidalguia em ascensão que exerce funções militares na cidade e a Nobreza de armas, que governou Elvas ao mais alto nível em determinados momentos da vida da urbe raiana. Entre a aristocracia funcionalista e de armas destaca-se alguns nomes de referência: o Conde Mesquitela (1662), aliás foi o primeiro governador que por carta régia de D.Afonso VI se comprometia a ter residência permanente na praça de armas; Manuel Jacques de Magalhães, Visconde da Fonte da Arcada (1703-1704); Marquês D’Ossa (1735); D.Sancho Manuel de Villena, Conde Vila Flor (1749); Manuel Mello Castro, Visconde da Lourinhã, com nomeação em 1768 e confirmações em 1769, 1775 e 1777. Já no tempo dos militares e quando a monarquia absoluta era questionada foram vários os fidalgos que serviram os interesses da aristocracia de sangue como foram os casos do Visconde de Veiros, Tenente General Francisco de Paula Leite ou Thomas Guillerme Stubbs, Visconde de Vila Nova Gaia e fundador da Loja maçónica da Liberdade. A fidalguia local, continuava a caracterizar pela sua escassez e importância quando comparada com a Nobreza de Portugal. E entre a nova nobreza continuava a predominar a aristocracia exterior a vida local, como era o caso do primeiro Conde de S. Lourenço que recebeu por doação régia parte do património fundiário da coroa em Elvas, o que se compreende do ponto vista institucional uma vez que desde a Guerra Restauração os Alcaides da cidade eram oriundos da família Mello da Silva César Menezes. Todavia era possível observar uma tímida renovação da aristocracia, num espaço em que a uma parte propriedade fundiária estava nas mãos da Casa de Bragança nomeadamente Vila Boim, onde o Conde mandara levantar uma fortaleza em 26 de Julho de 1478. A família Tristão da Cunha, era outra família elvense que ganhava notoriedade com o seu património agrário na herdade do Toucinho situada no caminho da Juromenha. Não podemos ignorar, que afirmação desta família estava intimamente ligada à figura de Nuno Tristão que tinha servido o Infante D.Henrique na Ordem de Cristo e cuja primeira doação da Coroa é datada por carta régia de 19 de Março de 1476. Outras continuavam a viver na cidade e constituíam a fidalguia mais antiga como eram os casos das família Palha e Botafogo, que eram legítimas herdeiras do título de cavaleiro da casa real, pertencente aos Garro desde a época da reconquista. O aforamento de olivais, uma prática desde os tempos medievais era por extensão uma forma de enriquecimento da fidalguia mais modesta da cidade ou seja beneficiava alguns cavaleiros do serviço de hoste da cidade.