segunda-feira, junho 28, 2010

Os Dias da História: - A Grande Guerra terminou há 91 anos...


O Tratado de Versalhes. – A 28 de Junho de 1919, na sala dos Espelhos do Castelo de Versalhes, as potências aliadas e a Alemanha, assinam o Tratado de Versalhes, que entra em vigor a 10 de Janeiro de 1920, pondo fim à Primeira Guerra Mundial. O Tratado de Versalhes estava organizado em 15 capítulos, 440 artigos e um grande número de disposições. O capítulo primeiro, continha as disposições relacionadas com o estatuto da Sociedade das Nações. Um dos objectivos principais do Presidente Wilson era converter a Sociedade das Nações numa parte inseparável do tratado. De realçar ainda que a Alemanha embora tenha participado nas negociações, não era aceite como membro da mesma por vontade dos restantes membros. As reparações de guerra, era outra disposição que penalizava a Alemanha, na medida que os vencedores pretendiam obter compensações pelas perdas materiais e humanas ocasionadas pela guerra. As disposições económicas, constituem a parte central do diploma, o artigo 231 proponha a destruição dos fundamentos do poder económico alemão. Se exige à Alemanha a entrega da maior parte da frota mercante e a cessão de quase todas as linhas de electricidade e telégrafo assim como certas matérias-primas como o carvão e derivados. O tratado, previa ainda a perda de 70.579 quilómetros quadrados, correspondentes a territórios pertencentes ao seu domínio territorial. Sem que se realize nenhuma consulta popular, se cede Moresnet y Eupen-Malmedy a outros, a França. Saarland estará submetida durante quinze anos à Sociedade das Nações. A Polónio ganha a parte principal das províncias de Poznan e Prússia Oriental.Assim se forma o chamado “corredor polaco”, que permite o acesso ao Báltico: este corredor separa Danzing e Prússia Oriental da Alemanha. Por último se proíbe a união da Áustria e da Alemanha, e esta deve renunciar todas as suas posições coloniais em favor dos aliados. Finalmente a soberania alemã estava limitada pela desmilitarização da zona do Reno e pela internacionalização do grande rio.

sábado, junho 26, 2010

5.1-As obras públicas da modernidade: o período Filipino e a expansão urbana...

No período Filipino a cidade continua a crescer ao ritmo do aumento demográfico e novas ruas renovavam geografia urbana: a Rua dos Quartéis (1580), aberta para a recepção a entrada de Filipe II de Espanha e respectiva Corte; a de Álvaro Borracho (1582); do Castelo (1564); dos Chilões (1578); do Forno (1586) onde se situava os fornos da cozedura de pão; do Amado (1594); do Botafogo (1594); do Casqueiro (1597); a Rua da Judiaria Velha, foi renovada e desde inícios do séc.XVII , torna-se conhecida pela Rua de João Olivença, que advém do nome do Meste das Moças; a dos Gallegos (1596), que dará lugar mais tarde a das Alcoutinhas; de Afonso Gil (1605); de Braz Annes (1605), a Travessa de Bernardo Amaral (1607), situava-se junto ao antigo Arco do Relógio; dos Azevedos (1612 - em homenagem a uma família aristocrática da cidade, trata-se de reconstrução da antiga rua de Monteróio; de António Machado, conhecido fidalgo da cidade (1612); de Aires de Abreu (1613); Ana Fernandes (1626); de João da Ponte; do Chafariz Fora (162?); de Rua Manuel Gomes Estaço(1627) em homenagem ao padre da igreja paroquial da Sé; a de Rua Mendo Allonso Resende (1627) e a do Rolo (1628). Nesta perspectiva, a expansão construtiva do burgo elvense, levado a cabo pelo Império Espanhol, durante os primeiros vinte anos de domínio filipino, não ficou só marcado pelo aparecimento de novas ruas, como mandou ampliar outras e mudou o estrutura apertada da área medieval como vias de ligação como travessas e becos. E foi sem dúvida nenhuma a época da definição da estrutura da cidade elvense que acabaria por permanecer na sua essência sem grandes alterações até ao início da época moderna. Mas a obra colossal da cidade depois do impasse por falta de meios financeiros, continuava a ser uma prioridade, um novo tributo era colectado e dirigido aos tendeiros que faziam feira trienal na Rossio da cidade num espaço situado a sul do futuro aqueduto. Essa provisão estaria em vigor durante cerca de cinco anos, todavia e antes de nova paragem, a câmara procurou que todos os estratos sociais da cidade participassem com a sua contribuição na obra da Amoreira e nessa perspectiva, por carta municipal o Bispo D. António Mendes de Carvalho, o município pretendia saber qual a verba ou contribuição que o Bispado poderia disponibilizar. Contudo a mudança da conjuntura institucional e política, marcada com a perda de independência lançou o debate na cidade, o alcaide mor, António Melo considerava que a defesa da cidade era mais importante que a continuidade da obra e defendia o aproveitamento das suas estruturas para fortificar a cidade, mas o derrube de parte das estruturas do aqueduto era uma questão problemática, porém a população não aceitava esta solução de bom grado em função do esforço e do sacrifício financeiro de duas gerações que estavam comprometidas com a construção do maior aqueduto que então se construía na planície alentejana e no país . De resto, as motivações patrióticas de António de Melo não seriam acompanhadas pelo resto da população, considerando que a mesma iria aclamar pouco depois, Filipe II de Espanha que enviou D. Pedro Velasco, para negociar com os representantes do poder local a sua entrada da em Elvas, nesse encontro as autoridades municipais deram conhecimento da necessidade da continuidade da obra da coroa assumir o financiamento da obra. Ao mesmo tempo era decidido pelo poder local que os fundos do aqueduto para as obras de fortificação voltavam a ser dirigidos para a sua finalidade inicial. Mas na verdade a obra continuava parada e a correspondência entre o município e a coroa mantinha-se até que Filipe I de Portugal, nomeia por carta régia de 12 de Novembro de 1598, Manuel Sequeira Novais como superintendente do aqueduto e a base de sustentação económica para as novas obras, continua a ser o imposto real de água cujo valor tributário é agora dobrado relativamente o valor em vigor entre 1580-1598. Finalmente a fábrica do aqueduto (estaleiro das obras), recomeçava os seus trabalhos de continuidade da obra e até por volta de 1606, sendo essa primeira fase marcada pela recuperação dos troços do aqueduto que se encontravam danificados e nessas circunstâncias, a câmara de Elvas promulgava em postura um conjunto de penas a aplicar a quem destruísse voluntariamente ou não, os troços já edificados, essas penas incluíam o degredo para África e uma serie de penas pecuniárias. No início do primeiro quartel do séc. XVII o aqueduto atingia na sua parte mais alta cerca de 24m, uma conquista para os mestres pedreiros da época, alentejanos e extremenhos, já que desde a segunda metade do séc. XVI, a questão da elevação da obra era o principal desafio que o projecto enfrentava. Não é indiferente esta conquista à presença do terceiro mestre-de-obras na direcção do aqueduto, na pessoa de Pero Vaz Pereira, arquitecto da Casa de Bragança. Mas outros mestres de referência estiveram na cidade, numa época em que o objectivo era já fazer entrada da água na cidade e em direcção à fonte da Misericórdia pela sua posição adjacente ao hospital. O principal seria Luís Gabriel, mestre-de-obras da cidade de Lisboa, mas seria o arquitecto Diogo Marques o responsável por esse projecto, sendo o quarto arquitecto em funções desde o inicia da obra da Amoreira e o responsável pelas primeiras obras de reparação e manutenção do aqueduto, já centenário ou quase e nesse contexto a caída de arcadas era uma realidade e um desafia para os construtores. As polémicas sobre a gestão dos fundos de financiamento do aqueduto, das reparações e manutenção, marcam a vida quotidiana nos trabalhos do aqueduto, mas no dia 22 de Junho de 1622, há festa na cidade a água da Amoreira chega à Fonte da Misericórdia. Uma vez mais o arquitecto da Casa de Bragança, era consultado nas obras de apoio e anexas o Chafariz da Madalena (1622) concluído logo após a fonte da Misericórdia, outras obras da dinastia filipina foram as: Fonte da Cadeia (1625); Fonte de S. Lourenço (1626); Fonte de S. Vicente (1628); Fonte de S. Domingos (1629) e Fonte do Quartel (1630).Terminava assim um dos períodos áureos da planificação urbana da cidade que por força da União Ibérica, tornou-se uma cidade cosmopolita e mercantil e uma das poucas cidades portuguesas que beneficiou durante as primeiras quatro décadas (1580-1620), dos bons ventos que então sopravam de Espanha. Continua.


sábado, junho 19, 2010

5.1- As obras públicas da modernidade: As últimas obras da dinastia Afonsina em Elvas

H
Quando, a cidade de Elvas fez o seu 22º aniversário a classe política local tinha finalmente a sua sede que se erguia no lado oposto à futura Sé de Elvas ou seja os poderes temporal e espiritual, estavam consagrados em torno da grande Praça de D. Manuel, circular e em terra batida e onde se edificavam em seu torno as primeiras casas nobres da fidalguia elvense. Sem data determinada e adjacente à Catedral de Elvas, edificava-se o pelourinho da cidade símbolo do poder judicial, provavelmente de meados de quinhentos, mas de matriz manuelina e seguindo o modelo de outros pelourinhos da época como os dos arquipélagos de Cabo Verde e Madeira. Definidos com base estrutural num fuste cilíndrico, decorada por esferóides com capitel prismática e rematado por uma pequena esfera. O conjunto está hoje assente num pedestal de cinco degraus de base poligonal. Mas a história da cidade como a de Portugal estava prestes a conhecer uma nova etapa da sua vida como realidade política e institucional, percorria-se os últimos trinta anos da Dinastia Afonsina e de Portugal como estado – nação sem o peso de tal designação que caracterizaria os estados nacionais na época liberal. A cidade continuava a se definir as grandes artérias da cidade: estruturava-se a Rua dos Albardeiros (1587), tratava-se de uma via profissional que dava acesso à Porta de Évora; mais a norte a Rua de André Lopes Garro, os Garro eram uma família distinta da cidade e esta via permitia o acesso ao Paço Episcopal (corresponde à actual Rua de São Francisco). De acesso ao Castelo, era inaugurada a 16 de Agosto de 1564, a rua do mesmo nome. Outras vias são registadas, mas o ritmo de construção era muito menor do que se tinha verificado até meados do séc.XVI, a Rua da Alagoa, Rua do Cano, Rua Domingos Fernandes, Rua das Caras, Rua Gabriel Mendes Rua, Heitor de Silas, Rua João Pote e a Rua dos Quartéis da Corujeira (1577). A grande obra da cidade voltava a ser notícia em 1571, o reinício das obras da Amoreira, o aqueduto continuava isolado da cidade e contava já com uma estrutura construtiva de oitocentos arcos. No final do mês de Janeiro, D. Sebastião concedeu um alvará para o reinício das obras, o período de preparação para o reinício foi longo e só seis meses depois e dois dias, o mestre-de-obras, da Coroa, Afonso Álvares, chega a Elvas com a missão de traçar um novo plano e concluir as obras do aqueduto. Uma das primeiras propostas, feitas pelo prestigiado arquitecto da Coroa à Câmara municipal, consistia num lançamento de imposto fiscal sobre toda a população como fundamental para o pagamento das obras que deviam ocorrer. Apesar do peso das contribuições, os elvenses aceitavam o esforço, mas a conjuntura política seria madrasta para o desenvolvimento das obras do aqueduto. O desastre de Alcácer Quibir e a perda de independência determinaria nova paragem até 1598, entretanto e para defesa de Elvas a Câmara Municipal de Elvas, através do seu Alcaide-mor, António de Melo propunham que os fundos monetários do aqueduto fossem canalizados para as obras de reforço das fortificações.





sábado, junho 12, 2010

5.1. As obras públicas da Modernidade: a proliferação de obras civis e a paragem das obras do Aqueduto.


A cidade a caminho de meados do século XVI tinha se transformado num autêntico estaleiro de obras, no interior do burgo de matriz medieval, iniciava-se timidamente o rompimento de novas ruas, ainda que a sua explosão construtiva só se torna evidente durante a segunda metade do séc. XVI numa época que as obras da futura Sé estavam concluídas e o aqueduto que tinha já um troço de 6 Km, mas o ritmo de construção era lento por falta de apoio da Fazenda Rel. No centro urbano, novas ruas eram abertas nas freguesias urbanas: na Alcáçova, a da Mateirôa, a do Fidalgo em homenagem a Fernão Pinto, Rua João Vaz de Pousada (outro cavaleiro, que denuncia também a nobreza da freguesia pela etiqueta aristocrática dos seus membros), do Tavanco, a Rua dos Lagares (que identifica a existência deste tipo de unidades produtivas) e o Adro da Igreja de Santa Maria dos Açouges, estava já concluído. Na freguesia do Salvador , concluía-se a do Espírito Santo (1548), antes de meados do século XVI e a pequena travessa utilizada pelos padres do Salvador tomava o nome de Manga Corta. Em, S. Pedro o número de residências aformoseavam-se à volta da nova rua de Fernão Pinto e que tal como a de João Quental foram planeadas ainda antes da elevação da vila de Elvas a cidade. Todavia, seria a partir de meados do século XVI que o ritmo de construções no interior da cidade atingiu um notável desenvolvimento permitindo a canalização da mão-de-obra, após a conclusão das obras da futura Sé para estas obras municipais que foram correntes ao longo de todo o século, de facto o maior templo da cidade a Igreja Nossa Senhora da Praça ou Nossa Senhora da Assunção, estava já concluído no fim da década de 1530, ainda que a sua consagração com espaço religioso tenha sido feita em 1537 com as obras por terminar. Mas esta obra apesar da complexidade da estrutura da sua cobertura sob direcção de Diogo Mendes durou menos de duas décadas e foi acompanhada na fase final por Francisco de Arruda, que concebeu o plano arquitectónico da mesma. Em 1542, eram retomadas as obras do Aqueduto com uma única finalidade ligar o Vale de S.Francisco, onde se encontrava o estaleiro das obras da edificação e o vale do Rossio, tratava-se de uma etapa construtiva de grande complexidade, uma vez era necessário criar formas de sustentação aos diferentes alçados constituídos por várias fileiras de arcada, necessários para a elevação das massas que por sua vez seriam determinantes para a circulação da água potável que devia circular pelas paredes dos canos. Nesse âmbito o contraforte no remate e os contrafortes coluna seriam as soluções encontradas por Francisco Arruda que continuava com residência na urbe elvense. Com o aproximar de meados de Quinhentos, a questão financeira continuava a ser um problema fundamental no financiamento da obra, discutindo-se na correspondência real e do município se o aumento de imposto real, então passava a ser quebrado para as obras do aqueduto devia de ser aumentado, o que não se conhecendo a vontade popular segundo a documentação, significava o agravamento do custo de certos produtos importantes na dieta alimentar como a carne, o peixe e o vinho. Esta questão arrastou-se durante quase um ano, com o dito real de água em vigor segundo as novas condições e um novo, em vigor no inicio do Outono de 1544, quebrado em moeda de 2 rs., que devia completar o orçamento para a obra do aqueduto. Este imposto fiscal na teoria jamais devia ter sido transferido para as obras do aqueduto uma vez que se tratava de um fundo para a conservação e manutenção das atalaias e reparação das fortificações, mas cuja aplicação não se prova por fonte histórica. A falta de verbas para o progresso das obras do aqueduto eram evidentes em 1548 a obra parava por longo tempo cerca de vinte e dois anos. Por várias razões  podemos citar, na correspondência entre a coroa e o município,  referências à suspeita de desvio dos fundos do aqueduto pelos corregedores do concelho, as dúvidas relativamente a Pedro Borges são inquestionáveis e as desconfianças em relação a Francisco Rodrigues são evidentes, por parte da Coroa. Ao mesmo tempo, o monarca suspendia o ordenado do Mestre visor das obras do aqueduto, Diogo Mendes face ao impasse em que a obra se encontrava praticamente parada, e com custo para a Fazenda Real de 6000 rs. Os gastos com reparações constantes face à queda de algumas estruturas não consolidadas e a da inconsciência de alguns anónimos era outro problema que se tornava evidente após dezanove anos de construção em pleno. A partir de 1559 a correspondência entre o poder central e local, desaparece das fontes de arquivo quando o município propunha novos mestres pedreiros para a direcção das obras do aqueduto. Mas o interesse pela continuidade da obra do aqueduto, acabou por ser renovado pela acção de D. Sebastião por Carta Régia de 25 de Janeiro de 1571, que ao contrário da rainha regente D. Catarina mostrou-se indiferente aos pedidos regulares do município elvense.

sábado, junho 05, 2010

5.1- As obras públicas da Modernidade: a 1ª fase da construção do Aqueduto das Amoreiras.


Mas se a construção do Aqueduto das Amoreiras é a maior obra pública de iniciativa real edificada na modernidade, a verdade é que a iniciativa da sua construção encontra a sua génese na acção municipal, se considerarmos que os procuradores de Elvas às Cortes de Évora de 1498, foram atendidos no sentido da obtenção de uma verba necessária para a reparação do Poço do Alcalá e nesse contexto foi autorizado o lançamento do imposto real de água, que incidia sobre três fundamentais na dieta alimentar da população local: a carne, o peixe e o vinho. Assim tal imposto, ao contrário do que refere a historiografia tradicional, não foi cobrado inicialmente para as obras de edificação mas para a reparação do estado de ruína em que se encontrava a antiga fonte de abastecimento da vila ( o dito poço árabe) e sendo assim também as obras da construção do aqueduto não se iniciaram no ano das Cortes de Évora em 1498. E não temos dúvida em afirmar que a mesma não ocorreu na década seguinte, uma vez que só em 1529, as fontes históricas referem as primeiras preocupações no modo como se devia gerir as verbas extraordinárias que o município iria dispor para a sua construção, ao mesmo tempo que a iniciativa municipal passava a ser controlada pelos poderes públicos, na medida em que a superintendência das obras ficavam sob o controle dos corregedores da comarca. Num esforço construtivo épico com mais de uma dezena de etapas que terminam praticamente no séc. XIX, onde não faltaram mestres pedreiros da região, portugueses e extremenhos, ao fim ao cabo uma mão-de-obra que não se limitou a uma força trabalho disponível na vila e depois cidade. Contudo, antes de 1537 as obras do Aqueduto são raras, espaçadas e os proventos económicos insuficientes, a correspondência entre a Coroa e a Câmara, também deixa transparecer a ideia que não existe um projecto para levar a água da Amoreira à cidade. E foi neste contexto, de indefinição que em 27 de Julho de 1537, o monarca D. João III anuncia ao município elvense que enviará, o seu mestre-de-obras Francisco de Arruda para que veja essa obra da Câmara. Todavia, o pedreiro real vem à cidade no seu décimo aniversário com uma função de fiscalizar o rol de obras que a nova cidade apresentava no seu reduto, caso do açougue, das casas da câmara, da igreja nova, das cadeias, do chafariz da cidade e do referido aqueduto. Esta viagem a Elvas de Francisco de Arruda seria bastante proveitosa para os cofres municipais, já que o mesmo recomendaria ao monarca, novos meios financeiros, uma vez que o imposto real de água era insuficiente para a obra em curso. Para tal, sua majestade autorizou as autoridades locais a aplicação de determinadas penas pecuniárias para obtenção de meios financeiros tal como a venda das propriedades de domínio municipal, identificadas na documentação como canadas e objecto de venda com alguma regularidade nos anos de 1537 e 1538, como se observa nas fontes notariais. A primeira etapa, construtiva corria de vento em pompa entre a fonte de Amoreira e o outeiro de S. Francisco até cerca de 1542, numa extensão de 6 Km e já sob direcção do Mestre Francisco de Arruda que tinha fixado residência temporária na cidade e gizava um plano para levar água à cidade, mas notícias do roubo de água por particulares através do rompimento da canalização da obra em progresso começava a ser um problema para a direcção das obras e para tal pediu-se à Coroa a nomeação de um visitador, o que não foi concedido, mas Diogo Mendes, que dirigia as obras da Igreja Nova (futura Sé) passava a acumular essa função. Mas uma vez mais o financiamento pesava na alçada dos seus responsáveis, o recurso o cofre dos órfãos de Elvas e depois das comarcas de Estremoz e Portalegre foram determinantes para o avanço da obra. (Continua).