terça-feira, julho 27, 2010

5.3. As obras da Modernidade: as obras da Fé: - A antiga Sé Catedral



                                          Portal principal clássico inserido na galilé de entrada




Portal lateral de matriz quinhentista


Fecho da nave lateral com o brasão heráldico da Ordem de Avis


Nave central destacando-se as mísulas de suporte das naves

Corria o terceiro quartel do séc. XVI quando o arquitecto régio Francisco de Arruda provavelmente (?) traçou o primeiro esboço arquitectónico da nova Igreja de Nossa Senhora da Praça num período em que o mestre régio dirigia as obras do Aqueduto das Amoreiras. Porém quando se considera a documentação, quem dirige as obras durante mais de uma década é o mestre pedreiro Diogo Mendes. A nova igreja integrava-se no novo cenário urbano da nova Praça como sede da freguesia da Assunção, daí a sua denominação posterior de Nossa Senhora da Conceição e só mais tarde em 1570 se torna sede do Bispado de Elvas, enquadrando-se no mesmo as estruturas de apoio ao seu funcionamento, o Paço Episcopal e o Aljube. Do ponto vista, de estilo artístico ao contrário do que se lê em alguns textos historiográficos, não se trata de uma Igreja Manuelina, mas de uma edificação de transição entre gótico final e o manuelino. Da construção inicial destaca-se na estrutura externa do gótico final, a forma da organização da sua fachada principal compacta e projectada em frente, reforçando o carácter fortificado na qual o próprio frontispício se eleva como de uma verdadeira torre se tratasse. A mesma é rematada pela torre sineira, quase inexistente mas visível pelos vãos de seis olhais de arco redondo que a caracteriza. Os dois janelões clássicos, o varandim e a rosácea, completam o actual portal também classicista que substituiu o portal gótico de arquivoltas . Da estrutura interna, destaca-se a beleza e perfeição, da organização das três naves, de matriz manuelina, na qual se destacam as abóbadas nervadas e com dois andares na nave central. O carácter fortificado percorre os alçados laterais onde se destacam os contrafortes e o coroamento das mesmas por merlões chanfrados. Os botaréus e as gárgulas, destacam-se nos panos laterais no contexto da gramática decorativa do século XVI. As abóbadas por sua vez estão assentes em mísulas solução arquitectónica também evidente nas Igrejas de Madalena de Olivença ou na matriz de Viana do Alentejo. Manuelinos são também os portais laterais com motivos florais e alcachofras. A partir do momento em que o mais importante templo da cidade de Elvas se tornou sede de bispado, cada Bispo a seu tempo procurou deixar a marca da sua presença, através intervenções que configuravam  alterações estruturais e decorativas, nas quais destacamos: - o portal desenhado pelo mestre régio. Miguel de Arruda em 1550, definido por duas colunas de capiteis jónicos, que suportam a arquitrave e o frontão triangular; o varadim na fachada principal que denuncia o gosto pela festa de toiros, que levou o Bispado a mandar rasgar o mesmo na fachada principal como forma de observação sobre o anfiteatro onde se realizava a dita festa; o corredor de azulejaria das épocas setecentista e oitocentista; a Capela-mor de finais do séc. XVIII (1799) em estilo já muito próximo do “rocaille” . O templo elvense é hoje enriquecido pelas marcas do tempo histórico, dos seus tempos áureos visíveis pela heráldica clerical e aristocrática ou pela obra de talha inigualável no sul de Portugal, o seu Orgão concluído por ecomenda em 1777 pelo organeiro itálico Pasquale Caetano Ordoni. Em suma, podemos afirmar sem qualquer reservas históricas e documentais, que antiga Sé de Elvas foi a edificação que mais sofreu alterações estruturais ao longo da modernidade.