segunda-feira, novembro 01, 2010

6.1 - A Época da Modernidade - Uma conjuntura de paz e de afirmação do Cosmopolitismo de uma cidade de fronteira.



A Catedral de Elvas foi o barómetro histórico da ascensão e queda de uma cidade cosmpolita

O areal de Cabo verde foi parte de chegada dos mercadores e dos nobres como Fernando Mesquita

Minas Gerais - terra brasileira tão portuguesa, como a colónia de Elvenses que por lá passou 

A conjuntura política da Modernidade no município de Elvas  foi caracterizada por um período de paz e desenvolvimento económico até aos finais do século XVI, seguindo-se um longo período de guerra e prevenção que se mantém até ao fim da época Moderna. De facto, durante desde a época Manuelina, que a cidade que então tal como Beja e Évora, era um centro de recrutamento de “gentes” de todos os estratos sociais para os espaços coloniais, mantendo essa virtualidade num espaço geográfico da expansão marítimo e terrestre agora alargado com a União Ibérica, permitindo o desenvolvimento da actividade mercantil no âmbito regional, mas também internacional, os mercadores da monarquia dual marcavam presença em todas as principais praças comerciais europeias. No âmbito da arte marear alguns elvenses, eram conhecidos, como Álvaro Fernandes, oriundo de uma família de mercadores no início do séc. XVI, era um conhecido capitão da carreira da índia e a documentação dos pilotos náuticos da Coroa refere mais cinco navegadores de Elvas e cerca de oito escudeiros nas carreiras da Índia, onde o número de estrangeiros na sua maioria castelhanos seguia nas frotas a caminho do Oriente. O número de moradores de fogos crescia em terras de fronteira e a recente cidade de Elvas, quando comemora o seu primeiro século, apresentava-se com o núcleo urbano que mais cresce no Sul de Portugal, com cerca de 1.916 novos habitantes e mais 2.354 moradores que ocupavam as terras do termo de Elvas, uma parte dos novos habitantes estavam vinculados à Casa de Bragança. Na análise e comparação entre as zonas urbana e rural das principais cidades em expansão demográfica, era visível um certo equilíbrio em Lisboa, Elvas, Portalegre, Setúbal e Aveiro e a predominância do campo sobre a povoação mais evidente em Santarém, Porto, Coimbra, Braga e Évora, mas considerando o cadastro populacional Elvas chegava aos 17.080 habitantes e por volta de 1578, só a capital com 71.300 habitantes, Porto com 53.448, Guimarães com 25.452, Coimbra com 23.596 e Évora com mais 562 almas destacava-se na frente da cidade Elvense a única que não se destacava por uma aristocracia de sangue mas por uma nobreza de armas ou funcionalista. Elvas estando localizada na mais importante linha do comércio terrestre internacional, foi um ponto de encontro para as vagas de migrações e imigrações que cruzaram a cidade, mas as saídas e entradas de efectivos populacionais foram sempre favoráveis ao crescimento gradual do seu efectivo populacional, os elvenses partiam para o Império para as cidades fortalezas da Guiné, Cabo Verde, São Tomé, Angola, Índia, Brasil, Perú e Colômbia e as grandes famílias da aristocracia de sangue estiveram nos grandes momentos da história de Portugal, D. Pedro Mesquita Pimentel, acompanhou D. Sebastião na Conquista de Alcácer Quibir e seria feito prisioneiro nesse acontecimento trágico para as hostes nacionais. Mas, outros elvenses foram mais felizes como um seu aparentado, D. Fernando Mesquita que estendeu os seus negócios ao arquipélago de Cabo Verde tornou-se Governador daquele espaço colonial. Os Gomes, os Fernandes e os Mendes triunfavam no mercado internacional e os livros paroquiais demonstram que os novos moradores, vêm de uma região vasta desde o Minho ao Mondego, os mouros, os escravos e os judeus, são outras comunidades que tornaram, Elvas em finais do século XVI uma cidade cosmopolita. De realçar ainda que a sua diocese era das maiores do País e a única que se estendia por terras de além-mar, já que na sua composição administrativa integrava alguns territórios de Olivença, Campo Maior,  Ouguela e Ceuta. A integração de Ceuta no bispado de Elvas, fez-se por acaso e após a morte do monarca de D. Manuel que face ao crescimento da Vila de Olivença onde residiam os primazes de África, mandou proceder ao arranjo das muralhas e das portas da vila fronteiriça, tal facto não se verificou passando o área eclesiástica de Ceuta para a diocese de Elvas e os arrabaldes de São Pedro, São Bartomoleu e São Brás  que não estavam limitadas pela cerca, a pertenceram à diocese de Elvas. O desenvolvimento de novos sectores manufactureiros é outra realidade nova, na cidade ibérica da raia, de pequeno e de largo trato comercial, trata-se do desenvolvimento da armaria, uma actividade que se limitava a Lisboa, Évora, Porto, Santarém e Barcarena. Mas a riqueza agrícola era notável e os olivais era uma imagem de “marca” que passava no registo dos viajantes, D. António Caetano Veloso, exprimia o que observava: “Aqui nesta cidade valeu o arrátel de carne a XXIII reis e do porco a XXXII e os cabritos a cinquenta reis e as perdizes a vinte reis, a cevada a XVI réis o alqueire, o vinho novo a oito réis e o velho a vinte, pão que fartaria um homem, por três reis”.  Mas a abundância e a liberdade de circulação de pessoas e produtos, entre as terras de fronteira, livres dos tributos fiscais era ampliada com a União Ibérica e só nas décadas de 1620 e 1630, que essa isenção de tributos fiscais foram questionados e motivo  de reflexão da classe dirigente do Império Luso-Espanhol.