domingo, dezembro 26, 2010

6.2.1.Elvas Portuguesa: Na modernidade - Nas vésperas das grandes ofensivas



As defesas da Extremadura não seguiram a disciplina construtiva da raia nacional na arte de fortificar que o desenvolvimento da artilharia determinava.

O centro de comando das operações militares só seria concluído em finais do séc. XVII
 (Praça Militar de Badajoz)
As baluartes da cidade de Elvas assumiam o papel da defesa nacional na rota para a Capital.
 Nicolau Langres evidenciou-se como arquitecto militar na arte de fortificar nos dos lados da raia ibérica.
A preparação para a guerra era uma realidade inevitável, o eixo de penetração a sul do território estava definido pela geografia do território e devidamente registado nas cartas militares das forças castelhanas, onde os pormenores e anotações indicava que a tomada da Praça militar de Elvas era fundamental para o avanço sobre a capital do reino. De facto, a geografia permitia o avanço fácil e relativamente rápido sobre a planície, de tal forma que o eixo de penetração estava bem definido nas hostes castelhanas, estendendo-se entre Elvas e Estremoz, passando por Vila Viçosa e pelas margens das vilas portuguesas situadas na margem do Guadiana. Na verdade, o esforço e a estratégia defensiva, se centrava no reforço das estruturas militarizadas e na presença quase permanente de hostes milicianas com duas funções, de defesa permanente e de mobilização de socorro rápido as populações cercadas pelos exércitos inimigos. Aliás esta lógica defensiva, acompanhou o plano defensivo dos dois estados peninsulares no âmbito da defesa da sua linha de fronteira terrestre. De facto, o esforço de adaptação das fortificações extremenhas foi uma prioridade urgente numa região onde faltava gente qualificada, segundo o Capitão General Dom Juan de Garay, considerando a análise da correspondência dos capitães generais com a Coroa espanhola, que apenas reconhecia em D.Rafael Médecis como único técnico especializado na arte de fortificar. Esta realidade seria entretanto ultrapassada com a nomeação do Capitão General,  Marquês de Terrescusa que convocava para os trabalhos da defesa da fortificação de Pamplona, o General de artilharia D.Dionísio de Guzmán, seguindo-se um longo processo construtivo que só terminou em 1692 com os trabalhos efectuados na Porta de Pilar. A verdade é que o processo de defesa de Badajoz e da Extremadura, não obedeceu à organização e disciplina, seguida pela Coroa Portuguesa. Em parte pela surpresa que foi o processo restaurador da nação portuguesa e pelos constantes assédios que se seguiram por iniciativa das milícias nacionais em terras da Extremadura e por outro, a Guerra da Catalunha que explicava o esforço de financeiro e de guerra da Coroa espanhola, na medida que tal região era mais importante para o estado espanhol. Na verdade a conquista militar do território português era algo que a breve ou a médio prazo poderia eventualmente suceder, assim acreditavam os militares de referência do exército espanhol que jamais comandaram qualquer campanha militar a Portugal até final do séc .XVII. Esta falta de disciplina na adaptação dos espaços militares extremenhos quando comparados com a realidade portuguesa é uma evidência indiscutível quando se considera a documentação coeva, assim os fortes de planta estrelada como o de São Cristovão, Pardaleras, Picurina, São Roque, Cabeça da Ponte e Porta de Palmas e os fortins menores e linha de fossos, foram simplesmente feitos à pressa e alguns entraram em função ainda não estavam totalmente fortificados. Outro agravante, no processo construtivo foi sem dúvida, a qualidade dos projectistas na arte fortificar por vezes substituídos pelo Capitão General de Badajoz na finalização dos projectos, como foram os casos dos Marqueses de Caracena, Montijo e São Vicente. Todavia, há que fazer referência a figuras de reputação internacional, como Charlos Tourlón, Enrique Ansençi, Francisco Domingo, Luís Benegas Osório, Ventura de Terragona e Nicolau Langres, que depois das encomendas realizadas em território português surge com funções de arquitecto e comando militar, nesta última destaca-se o assédio e conquista da Fortaleza de Juromenha durante as Guerras de Aclamação.