terça-feira, março 08, 2011

8. Elvas Portuguesa. Introdução. Demografia (1850-1930)


A construção da Linha de Leste teve impacto no comportamento demográfico na transição para o séc.XX


   A chegada do comboio foi determinante para o desenvolvimento regional



A cidade perdia em termos de % populacional relativamente à população rural - o centro do trabalho.

A demografia contemporânea demonstra que durante a Monarquia Constitucional, I República e início do Estado Novo, o concelho de Elvas, apresenta um constante crescimento pelo menos até 1882, quando a população atinge um valor próximo das 19.659 almas. Vivia-se numa época em que a população rural, cerca de 10.964 efectivos era mais representativa que a população urbana que se limitava a cerca de 8.695 efectivos, numa época em que o arroteamento dos campos estava no seu auge. Aliás em 1887 a população rural chega a um número recorde de 10.202 habitantes. Numa época em que a cidade de Elvas era o núcleo urbano mais importante do distrito se considerarmos por exemplo que em 1890, a cidade raiana tinha um registo populacional de cerca de 13.291 habitantes contra 11.820 de Portalegre, de resto a capital do Distrito só se afirma como o centro urbano mais populoso nos censos de 1911 e 1930, como resultado do reforço das políticas republicanas em favor da circunscrição administrativa mais importante do distrito. Mas, numa análise comparativa, das duas cidades que procuram liderar as políticas públicas no Distrito, observamos desde logo um percurso quase comum e um crescimento médio entre 1864-1930, de 62% de efectivos humanos, mas com um claro crescimento da capital do Distrito que duplica o número de habitantes entre (1864-1930) isto é passa de 6.433 para 14.712 habitantes enquanto Elvas, cidade, no mesmo período recebe apenas mais 2.142 almas. Situação aliás curiosa, uma vez que Portalegre só ultrapassa efectivamente o número de efectivos no curto período de 1920-1930, quando a força do trabalho na cidade raiana desenvolvia-se no espaço rural. Por outro lado, numa análise dos dados estatísticos observa-se que no período de 1864-1878, a taxa anual de crescimento de ambas as cidades foi bastante reduzido não ultrapassando a média de 0.3%, numa época em que os ventos da emigração contribuem para a saída de efectivos populacionais do distrito que todavia não atingiu os índices de outras regiões nacionais. Mas os dados dispararam, durante o período de 1878 e 1900, quando o distrito de Portalegre é dos que mais crescem a nível nacional, atingindo um crescimento médio de 2.1% mas com o contributo de Elvas que chega nesse período à taxa média anual de 3.1% , não havendo dúvidas que o desempenho demográfico do Distrito de Portalegre e da cidade de Elvas, deve-se a chegada do caminho de ferro à fronteira do Caia ou por outras palavras, a Linha de Leste, mobilizando novos moradores e um vasto número de assalariados, criou trabalho e progresso e um grande número de assalariados procedentes de outras regiões. Outras, duas grandes construções foram determinantes para esta etapa de progresso e trabalho na região, nomeadamente o Ramal de Cáceres e a estrada regional, Portalegre e Elvas. No caso, do concelho de Elvas, juntava-se ainda o aumento da população rural, que desde finais do século XIX vinha alcançando um número de efectivo superior à população urbana e a presença de novas forças militares, estacionadas na Praça Militar de Elvas no âmbito das Campanhas de África, depois da saída dos Regimentos de Artilharia nº2 e da extinção do Regimento de Caçadores nº2, que permitia que a presença militar tivesse ainda alguma representação até final da década de 1890, altura em que se inicia um verdadeiro processo de desmilitarização só estacando com a implantação do Estado Novo. As décadas de 1900-1920, a cidade de Elvas numa análise crua de dados, parece vítima de uma hecatombe, a recessão demográfica é evidente, a população urbana situa-se à volta de 9.133 habitantes em 1920 ou seja a valores de finais do séc. XVII. Mas, a realidade é de natureza administrativa que integra as freguesias de S. Lourenço, S. Vicente, Aventosa e Várzea, que até então haviam pertencido à cidade. Na década de 1920-1930, a cidade elvense voltava a crescer com taxa anual de 3%, recuperando o seu potencial humano, contando com mais 6.248 habitantes numa época que o município introduziria um conjunto de melhorias locais que foram fundamentais para a fixação de mão de obra na área urbana e municipal.