sexta-feira, abril 22, 2011

O Modernismo Catalão e a obra de Antoní Gaudi....


A Sagrada Famíla (1883)


Parque Guell

A Casa Milá


As artes decorativas uma realidade que Gaudí associou à arquitectura.

O Modernisme é um movimento artístico que se desenvolveu a partir de meados do século XIX com semelhanças à Arte Nouveau e que marcou a arquitectura catalã entre 1880-1910. Como estilo artístico, foi influenciado pelo chamado romantismo nacional que promoveu o estudo e a retomada da arquitectura e do idioma catalão e pelo progressismo, que observava a ciência e a tecnologia, como fundamento para o desenvolvimento da sociedade moderna. Estas duas influências aparentemente diferenciadas acabaram por ser determinantes na arquitectura catalã como provam as cerca de mil edificações que então se edificaram, sobre o risco de figuras como Domènech i Montaner, José Puig i Cadafalch e Antoní Gaudi. As suas obras edificadas, ecléticas e expressivas, destacam-se sobretudo pela ornamentação integrada no próprio edifício, enfatizando o seu projecto, função e construção. Em pouco tempo, o Modernisme se confundiu com a obra de Antoní Gaudi cuja obra inicial evidencia outra influência da arte internacional, o movimento Arts and Crafts, visível na abordagem no acto de projectar cada aspecto dos seus edifícios. Ou do mestre da arquitectura francesa Eugène Emmanuel Viollet le-Duc que preconizava o regresso à Idade Média e de uma forma particular à reconstrução gótica com base nas novas tecnologias. A primeira grande encomenda e que se tornou uma referência do seu legado para a arquitectura contemporânea foi sem dúvida a Igreja da Sagrada família proposta ao mestre catalão em 1883 e que constitui o centro da sua actividade como arquitecto até ao fim dos seus dias. Às estruturas góticas existentes acrescentou espirais com aparência mouriscas, decoradas com azulejos de cerâmica, onde se destaca a riqueza cromática, dando uma nova visualidade ao espaço construtivo. A Sagrada Família reunia os valores apetecidos por Gaudi e respondia às suas convicções pessoais mais íntimas, experimentadas em menor escala na cripta de Santa Coloma de Cervelló, de 1898. Na Sagrada Família até a sua morte, Gaudi deixou uma marca expressa nas duas silhuetas que se elevam sobre o casario da cidade catalã, em que se destacam as suas altíssimas torres de agulha afiada, pináculos cónicos com rendilhados e remates florais. A faceta racionalista expressa na obra edificada mas sobretudo nos desenhos e maquetas que o autor deixou como um documento aberto que permite que um século depois a sua obra tenha continuidade. A sua amizade com o grande industrial, Don Eusebi Guell permitiu-lhe trabalhar a um ritmo intenso face á variedade de encomendas como por exemplo a Casa Guell em 1888 o Parque Guell em 1900/14). O seu racionalismo estruturalista e a integração da arquitectura com as artes decorativas e o desenho industrial, percorre a sua obra que se expressa também na arquitectura privada como as chamadas casas de Gaudi. Na Casa Milá, de 1906, destaca-se pelo emprego de variado material de construção, pilares de pedra e tijolo, vigas de ferro, abóbadas à catalã, evitando as paredes de descarga e permitindo uma maior liberdade na distribuição das cargas. A organização da fachada é outro aspecto, que se cinge ao exterior  como uma parede que se sustenta a si próprio: Gaudi moldou-a como matéria plástica de linhas curvas côncavas e convexas, ondas de lava solidificada parecendo ser a massa pétrea com que a casa Milá se sustém. A Casa Batló, que na verdade não era mais do que dois prédios de apartamentos, cuja intervenção exterior se combinava com a concepção do mobiliário, evidenciando um gosto pelas formas orgânicas, mediante o emprego de determinados motivos, como por exemplo conchas. Embora o Modernisme e a Art Noveau internacional tenham tido uma vida curta, destacaram-se pela capacidade expressiva na arte e na arquitectura do século XX.