sexta-feira, julho 08, 2011

9. Elvas Portuguesa: a primeira geração da classe política elvense (1850-1930).As características do sistema político partidário.

Prof.Doutor Frederico Laranjo um aliado de Elvas 

Doutor Ruy Andrade líder da facção monárquica



O Palácio da Condessa de Tarouca referência da aristocracia de sangue do distrito. 

O poder das elites locais expressava pelo apoio das camadas populares concelhias.

A revolução liberal do Porto de 1820, rompeu em definitivo com o Liberalismos e novos ideais sopraram, até meados do século onde os partidários do absolutismo e do liberalismo, procuraram em determinados momentos impor as suas pretensões, as crises sucederam-se e as constituições foram sendo adaptadas às diferentes fases do Vintismo. A paz após a guerra civil e a experiência do Liberalismo moderado proposto pelo Cabralismo, permitiu o desenvolvimento do país que acelerou notavelmente durante a Regeneração. E nesta perspectiva, o distrito de Portalegre e a cidade de Elvas, não passaram ao lado das iniciativas governamentais e locais que favoreceram o desenvolvimento regional. Se antes de meados de Oitocentos, o distrito era Regenerador, a partir da segunda metade essa realidade deixou de ser uma evidência e a luta entre Regeneradores e Progressistas foi uma constante até à queda da monarquia constitucional. O rotativismo que caracterizou a vida do país reflectiu-se também em todo o distrito, que por norma seguia a tendência nacional e nesse contexto a influência das cidades de Portalegre e Elvas sobre os restantes núcleos populacionais era evidente e se durante o Cabralismo, Portalegre liderava as grandes questões que “importava” ao distrito. Na época da Regeneração, a classe política elvense ganhava espaço na vida política da região face a ascensão do Partido Progressista, mas também da excelente relação que o Prof. Dr. Frederico Laranjo desenvolvia com os políticos do principal aglomerado urbano da raia do Alto Alentejo. Do ponto vista, político-partidário os partidos oitocentistas a nível regional identificaram-se quase sempre com os grupos sociais dominantes, independentemente do partido, a mesma realidade do Partido Regenerador era transversal ao Progressista e ao Histórico, as forças partidárias dominantes. Em Portalegre, “ berço “ da aristocracia distrital, o partido Regenerador era identificado com uma elite agrária mas destacava-se pelos seus pergaminhos familiares e históricos, assente nos seus títulos aristocráticos. Ou personagens com reconhecido prestígio profissional, cultural e simbólico e com uma influência notável nas vilas a e aldeias situadas a norte da capital do distrito. No caso, de Elvas era a propriedade da terra, que permitia a afirmação de algumas famílias a sul do distrito, de facto e excluindo o Doutor Ruy de Andrade e a família da Condessa de Tarouca (mais conhecida por Menezes) que pertenciam à “primeira” linha da aristocracia nacional, os grandes proprietários elvenses na segunda metade do século XIX tinham na sua origem um vaso grupo de rendeiros, todavia nas décadas de 1878 e 1880, face à “construção” do seu poder fundiário tinham ganho um notável protagonismo e as suas herdades estendiam-se para as Vilas de Arronches e Campo Maior. Em comum entre a primeira geração de políticos de Portalegre e Elvas, era sem dúvida a influência que estas personagens detinham não só nas localidades onde viviam mas também nas terras vizinhas, fruto da expansão das suas propriedades agrícolas. No último quartel do séc. XIX, os médicos ganhavam também um lugar de destaque nestas sociedades agrárias, uma vez que o desenvolvimento da medicina permitia uma maior esperança de vida e como tal ganhavam um estatuto muito próprio nas mesmas. Não é por acaso, que os médicos de sucesso, tornaram-se igualmente grandes proprietários e nessa qualidade tornaram-se líder regionais nomeadamente no seio do Partido Progressista, manos elitista que o Regenerador. A verdade é que nesta época a organização partidária era muito rudimentar “ Os agrupamentos políticos em Elvas, que não regulam pelo número de sujeitos que se podem permitir a honra de receber em sua casa meia dúzia de Parentes e amigos, arvorando-se logo ali chefe d´uma facção”. Mas, os eleitores valorizavam mais as personagens que lideravam os partidos políticos do que os seus programas, que por vezes eram quase inexistentes: “A esmagadora maioria da população não era deste ou daquele partido, era do partido a que pertenciam fulano ou sicrano que dominavam as malhas da influência local, negociando com eles de forma pragmática o seu voto de apoio”. (Continua)