segunda-feira, novembro 14, 2011

As villaes romanas do Sul de Portugal


Planta da Villa de Milreu

Ruínas da Basílica de Torre de Palma (Monforte)

Mosaico das Musas (Torre de Palma)

Pars Urbana do Baixo Império, Quinta das Longas (Elvas), 2004  

Troço da Via XII a Sul das Quinta das Longas e a Oeste do Monte de Alcobaça 

As villas romanas de um modo particular desenvolveram-se sobretudo no sul de Portugal. Segundo, Jorge Alarcão, a villa (Villae) era comparável, pela área e pelo tipo de exploração, ao "monte" alentejano, foi uma das formas da propriedade rural romana. Cuja dimensão média tinha uma extensão que oscilava entre os 1500 a 8000 hectares, segundo Jean Gérad Georges. O que se conhece destas unidades de produção de matriz romana, tem sido o resultado de várias campanhas arqueológicas e da sua inventariação sistemática e exaustiva de vestígios arqueológicos. Nesta perspectiva, a propriedade rural romana, organizava-se em duas partes fundamentais, a pars urbana e a pars rústica. A pars urbana, não era mais que uma vivenda urbana ou rural da época, na Villa de S.Cucufate, cuja fachada, voltada para a sul, corria um pórtico de colunas. Do lado poente, perpendicular à fachada, ficavam as termas, em cujo enfiamento se instalou um corpo rectangular, dividido em sete compartimentos de cerca de 15 metros quadrados, cada um com a sua lareira. Do lado leste, um outro corpo incluía um lagar e armazéns; separado dele, talvez para minimizar o perigo de incêndios e garantir melhor arejamento, construiu-se o celeiro ( in Relatório da Villa de S.Cucufate, 1990). Estas villas, eram também reveladoras do nível sócio económico, do proprietário, pela riqueza que se expressava pelo conforto do espaço doméstico ( ou pelos objectos que utilizava na vida quotidiana (ex. nomeadamente objectos de cerâmica de vários tipos de sigillata) . A pars rústica, integrava um conjunto de instalações para os criados domésticos, que podiam ser mão de obra escrava ou assalariada e que asseguravam pelo seu trabalho a auto suficiência da villa, mas também o celeiro, o lagar, a adega e os estábulos. Por vezes a estas villas estava associada a existência de uma barragem que permitia o abastecimento das termas mas também fundamental para a irrigação das hortas e pomares que integravam a área agrícola, que nas villas situadas no actual Alentejo, estavam orientadas para a produção de cereais, mas também do vinho e do azeite. Na região de Estremoz, vila Viçosa, segundo o arqueólogo, José da Encarnação, a base essencial das villas do ponto de vista de exploração mineira, estaria centrada na exploração privado de mármores, assegurado pelo trabalho escravo, como se confirma na inscrição de um escravo, Hermes propriedade de Aurélia Víbia Sabina. A indústria da cerâmica não foi indiferente aos proprietários do sul de Portugal como comprovam os grandes fornos para o fabrico de tégulas e tijolos. Outra, forma de exploração económica, discutível mas atribuída por alguns arqueólogos, uma vez que tal actividade para outros poderia ter uma dimensão industrial, referimo-nos à exploração do peixe salgado e aos molhos de peixe ( nomeadamente o Garum). Fundamentais na indústria de conservas que era objecto de exportação para Cartago, Sabrata (Líbia), Sebaste (Palestina) e para outras parte do velho continente na época imperial. Os tanques e as setárias para a produção do garum predominavam na Península de Tróia e em toda a margem esquerda e em pouco por toda a costa algarvia.