domingo, dezembro 04, 2011

11. A viragem do regime : - O Estado Novo

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A notícia esperada por vários sectores da sociedade elvense

O general Gomes da Costa triunfante em 28 de Maio de 1926

A miltarização da cidade de Elvas entrava na ordem do dia com o novo regime.

A primeira república, continuava a viver num clima de instabilidade política, a ordem imposta pelo Major Doutor Sidónio Pais, não teve continuidade e o regresso, à ordem democrática, não evitou a agitação social nas ruas e nas fábricas. A queda da 1ª República, adivinhava-se face ao défice orçamental crónico, acompanhado pelo crescimento da dívida pública e pela desvalorização da moeda, ao mesmo tempo que a fuga de capitais e inflação crescia num clima de instabilidade política e social, propício à mudança. Na cidade de Elvas como nas principais cidades do país sem viver um clima de conspiração, a facção monárquica órfão do ideário integralista de António Sardinha e da República Nova, associava a instabilidade republicana à corrupção ou à incompetência. As principais personagens da I República, estavam em debandada relativamente à causa republicana, Júlio de Alcântara Botelho, após a sua passagem pela presidência da Câmara, com o apoio do Partido Republicano Liberal em 1919, deixava definitivamente a vida política, mas desde 1913 que se tornara um adversário do radicalismo republicano, face às divisões e ambições, que se faziam sentir no interior do P.R.P.-Partido Democrático.  O guarda livros, José Augusto Cayola, também conhecido pelo nome simbólico de “Pasteur” quando da sua passagem pela Loja maçónica da Emancipação (Elvas), também se afastou das ideais da I República após as eleições locais de 1917, aproximando-se do Partido Republicano Liberal e apresentando-se na lista de Júlio de Alcântara Botelho às eleições de 1919.  André Gonçalves, escrivão notarial figura conceituada na cidade muito cedo tinha abandonado o debate político, embora nunca tenha afirmado publicamente que estava desapontado com os rumos da vida política em círculos mais fechados tal decisão parece ter sido tomada. O Solicitador, José Barroso um devoto republicano desde a primeira hora, abandonara o PRP-Democrático em 1915 e tornou-se um defensor da República Nova e juntamente com Júlio Botelho, lançou a iniciativa para a edificação de um monumento ao Dotor Sidónio Pais, apesar de voltar a surgir numa lista do PRP-Democrático nas eleições de  1922 era outro dos descontentes dos elvenses republicanos da primeira hora. Entre os republicanos elvenses da vanguarda do 5 de Outubro de 1910, apenas dois nomes mantinham-se em pleno, António José Torres de Carvalho e o Dr. João Camoesas que seria deportado para Angola quando da mudança do regime, antes de se exilar nos  Estados Unidos. Mas, se para alguns personalidades locais, a viragem entre fundamental para outros, continuavam no jogo político, a surpresa era vinculada ao boato que uma lista monárquicos que se apresentariam às eleições de 1926 defensora da esquerda democrática, que juntava o Dr .João Henriques Tierno  e outros conservadores, como Estevão Falé, Tello Rasquilha, Alfredo Carvalho e D.Gonçallo Telles da Silva. O tempo histórico, porém não confirmou esta notícia que circulou na Primavera de 1926, quando o tempo republicano se ia esgotando como se lia na imprensa elvense: “ As eleições essa comédia grotesca que o povo está junto lá vai o tempo e a nossa prometida ainda não chegou. Quando é que estes políticos nos deixam em paz”. Mas a mudança estava a pouco mais de três meses e o primeiro mês após o movimento militar de 28 de Maio de 1926, corria com certa moderação e desconfiança, todavia não se compreendia mesmo em certos círculos de opinião pública, o facto de ter passado três semanas e não haver um governo em funções: “Tem causado no público impressão pouco agradável, a morosidade com que após o 28 de Maio, se está montando a máquina governativa. Agora a dificuldade em conseguir a organização do ministério que, até à hora em que escrevemos se não acha completo”. A verdade é que a opinião pública não tinha compreendido o alcance do 28 de Maio, porque este movimento político não tinha objectivos partidários, uma vez que era uma acção de natureza militar por outro não sendo um movi mento liderado por uma força partidária não tinha um programa detalhado, mas a ordem era então a palavra de ordem “Entre a ditadura de farda e disciplinada e uma ditadura de pé descalço esfomeada e parlamentar, não hesitamos um segundo, somos pela primeira”.