segunda-feira, janeiro 02, 2012

A notícia da descoberta da Madeira....ou redescoberta.....


A chegada a terra madeirense ocorreu em 1419 na praia da actual cidade de Machico...

Funchal (1904) a primeira cidade do Império Colonial na época do ciclo do açucar madeirense 

Representação das capitanias do Funchal e de Machico segundo o geógrafo H.Cardoso

Homenagem da Madeira ao navegador João Gonçalves Zarco no âmbito da Nacionalismo dos anos trinta da autoria de Francisco Franco e Cristino da Silva


Os historiadores portugueses e espanhóis, especializados em história do Atlântico, utilizam frenquentemente a expressão "redescoberta" quando se referem as descobertas portuguesas no Atlântico, nomeadamente dos arquipélagos da Madeira e dos Açores. O fundamento científico sem contestação, justifica-se pelo facto das referidas ilhas já serem conhecidas antes do séc. XVI e representadas em mapas cartográficos desde a Antiguidade. Todavia, a notícia da descoberta da Madeira foi assim anunciada à coroa portuguesa no início de quatrocentos:

“Depois, aos vinte e oito de Março, partimos da dita ilha e naquele mesmo dia chegámos a Machico, que é um dos portos da ilha da Madeira, distante da de Porto Santo quarenta milhas. Vêem-se com tempo claro uma da outra. Esta ilha da Madeira mandou-a o dito senhor habitar pelos portugueses só há vinte e quatro anos para cá, e nunca foi habitada. Fêz capitães dela dois cavaleiros, um dos quais Tristão Teixeira, que governa a metade da ilha da parte de Machico; e outro, chamado, João Gonçalvez Zarco, a outra metade, da parte do Funchal. Chama-se a ilha da Madeira, que quere dizer dos lenhos, porque quando primareiramente foi descoberta pelos ditos do dito senhor, não havia palmo de terra que não estivesse cheio de grandíssimas àrvores, e tiveram os primeiros que a quiseram habitar de lhe deitar fôgo. Êste foi lavrando pela ilha, durante muito tempo, e tão grande foi, que me disseram que ao sobretito João Gonçalves, que aí se encontrava, foi preciso ele e todos os outros com as mulheres e os filhos, fugir da sua fúria e acolher-se à àgua, no mar, onde estiveram mergulhados até à garganta de dois dias e duas noites, sem comer nem beber, pois que de outra maneira teriam morrido. Desta maneira varreram grande parte da dita madeira, fazendo terra de Lavoura”




  Luís Cadamosto, Primeira Navegação, 1455