domingo, março 04, 2012

14. Uma cidade ao serviço da Pátria nos tempos da Guerra Colonial.

A praça Militar era de novo valorizada com a eclosão da Guerra Colonial


As madrinhas de guerras - o lado sentimental de uma ligação à Pátria 

A antiga Sé - o último espaço de homanagem à memória dos heróis da guerra




As cerimónias militares e os desfiles militares mobilizavam o patrotismo da população.

Em meados do século a cidade de Elvas do ponto vista militar voltava a ganhar o estatuto que tinha ganho por mérito próprio, quase um século depois, como praça de estacionamento militar e de mobilização para a guerra de África. Os grandes desfiles militares mobilizavam a população local nas datas comemorativas do regime e o comércio local prosperava com a presença das várias centenas de militares, numa época em que era possível adquirir farda militar nas lojas locais. A abastança era uma característica das famílias dos oficiais e sargentos que residiam temporalmente na urbe elvense, ao mesmo tempo que o gosto pelas armas, chamava os muitos elvenses à carreira das armas, nas classes populares o limite era a chegada ao posto de sargento enquanto na classe dos “remediados” surgiam os primeiros-oficiais da geração da guerra colonial saídos da academia nos fins da década de 1960. Todavia, ao longo dos anos sessenta os elvenses, viam-se envolvidos por um teatro de guerra longínquo e a chegada a maioridade tinha um destino devidamente direccionado: Guiné, Angola e Moçambique. A saudade ficava na terra e as madrinhas de guerra, preenchiam algumas páginas do jornal com maior circulação na cidade, o Linhas de Elvas, mais tarde na altura do regresso, o matrimónio … mas muitos ficariam para sempre na saudade dos seus familiares … a notícia da morte heróica em combate era a pior que as famílias então desejavam. Mas as piores notícias também marcavam o ritmo em terras da raia, os ferimentos em combate e a morte … eram notícia … e a tristeza e a dor, preenchiam os corações da multidão de centenas de pessoas que então ocorreram à antiga Sé de Elvas durante as primeiras cerimónias fúnebres dos primeiros elvenses caídos em combate. A guerra, essa continuava, apesar da pressão externa e do isolamento de Portugal face às condenações das Assembleias Gerais da ONU. As opiniões variavam, entre uma guerra justa ou perdida, numa altura em que o equipamento militar melhora bastante após a perda da chamada, a Índia Portuguesa e o exército português praticamente exercia sem resistência o seu controlo militar em Angola e Moçambique. O insuspeito poeta, Manuel Alegre reconhecia que “ O exército começava a tomar conta. Começou-se a fazer a acção psicossocial e compreendeu-se que o essencial era a conquista das populações”. Mas a Guiné era o teatro de guerra mais sangrento e tímido pelos jovens portugueses, os mísseis Strella dominavam o teatro de guerra e do ponto vista político, segundo a opinião do socialista, Manuel dos Santos …”Penso que em 1968-1969, o PAIGC dominava perfeitamente o território. O PAIGC nunca teve uma base étnica, pelo contrário, sempre procurou agir numa base não étnica ….”  um dos vários aspectos que favoreceram o êxito a guerrilha guinense.  Todavia Portugal na transição para a década de setenta estava só … nem os norte-americanos queriam nada com a pátria lusitana, o Doutor Adriano Moreira diria : “ … tenho a noção de que os americanos o que interessava em África eram o petróleo, os diamantes e o açúcar. Eu tinha essa noção que os americanos sabiam pouco de África e nada de Angola, e o que os movia eram os seus interesses …”.  Até ao fim da Guerra de África, várias gerações de elvenses marcharam em solo africano em nome da pátria mas também de uma  profissão que cada vez mais era uma opção de vida para uma terra que mais uma vez estava ao serviço da Pátria.