domingo, julho 22, 2012

1.6 . A crise do séc. XIV em terras da planície ....


A crise demográfica do séc. XIV marcou todo o Ocidente ( in Biblioteca Nacional de Paris)


O bispado de Badajoz confirmou a chegada da Peste Negra que pouco depois chegava  a Portugal.


Olivença um dos cenários das guerras fernandinas 

As guerras fernandinas em terras alentejanas e extremenhas( 1383-1395) 



O tratado de Elvas - 1456 - trouxe a paz até finais da Idade Média

O Século XIV foi uma centúria de grandes dificuldades em toda a planície e pela primeira vez na história, política e militar, o Alentejo e a Extremadura converteram-se em teatros de guerra para as duas regiões, numa época em que a fome e as crises alimentares só por si explicam a recessão demográfica que se manifestou em ambas as regiões. Na verdade, a crise de produção foi sem dúvida, o primeiro indicador da queda demográfica das populações situadas no centro e sul do território, que nos começos do séc. XIV estavam ainda em pleno crescimento demográfico, no Alto Alentejo, havia terras importantes e “cheias de efectivos populacionais”, Portalegre incluía oito igrejas, Évora, seis, Castelo Vide e Montemor-o-Novo, cinco. E nas terras fronteiriças de Elvas, Arronches e Monsaraz contavam quatro. No Baixo Alentejo, onde o despovoamento era mais evidente e a cristianização pouco expressiva por força da tradição muçulmana, a cidade de Beja com quatro igrejas, destacava-se dos demais núcleos populacionais. Não podemos ignorar que nesta época de depressão demográfica, os mouros constituíam um contingente muito numeroso e com forte expressão em todo o sul de Portugal, na região do Alentejo, as mourarias estavam localizadas no centro e em toda a raia da região, nas cidades de Évora, Elvas e Beja e nas vilas de Alcácer do Sal, Estremoz, Vila Viçosa, Avis, Mourão, Moura e Serpa.   Mas por todo o Alentejo, a documentação antes de meados do séc. XIV revela uma diminuição do número de terras arroteadas e o número de transacções de terras diminuiu significativamente, a queda da produção cerealífera é evidente e os Invernos frios e rigorosos, se sucedem iniciando-se os primeiros ciclos de maus anos agrícolas.  Os dados estatísticos são rigorosos a partir da crise política de 1383-1385, mas a Peste Negra já tinha ceifado milhares de almas em todo o território nacional, desde a sua chegada a território português em 1348 e continuará a fazê-lo durante quase um século, todavia são conhecidas a violência das vagas da pestilência em 1361-1363, 1374, 1383-1385 e 1389 … Todavia, na raia do Alto Alentejo, a pestilência chega ao território alentejano, por via de Badajoz e por Valência de Alcântara, quando a mesma já grassava em Cáceres e Trujillo, no Verão de 1349 as notícias corriam na raia luso-castelhana, o Bispo de Badajoz anunciava que parte do cabido da catedral tinha falecido com tal enfermidade e que a morte tinha se abatido na cidade.  O cenário despovoamento é evidente em todo o Alentejo, desaparecem vilas e aldeias e outras resistem com perdas significativas da sua população no Alto Alentejo, são os casos de Marvão, Estremoz, Vimieiro, Montemor o Novo ou Tereno, no Baixo, destaca-se a Mourão, Serpa e Almodôvar. Relativamente à vila de Almodovar, o cenário descrito pelas fontes era extensivo a muitas populações alentejanas: “per as grandes pestilências que se seguiram, outrossim pelas guerras que houvemos com el rei de Castela, eles  [ os habitantes]  andaram fugidos dessa vila, e estivera despovoada por espaço de dez anos ou doze, em o qual tempo os ditos azinhais e soverais e os matos cresceram tanto que chegaram a essa vila”.  Em finais do séc. XIV  a guerra tornara os férteis campos alentejanos e extremenhos em verdadeiros teatros de guerra, como resultado de um delicado equilíbrio político que dominava a conjuntura política internacional da época e que permitiu a afirmação da Dinastia de Avis e a derrota castelhana em 14 de Agosto de 1385 em Aljubarrota . A partir desse momento, a violência e a morte, como resultado de uma guerra aberta ocorreu em toda a fronteira luso-espanhol e a paz só voltaria ao Alentejo com estabelecimento da paz após o cerco de Valencia de Alcântara. De facto, as chamadas Guerras Fernandinas (1369 ,1372 e 1382), castigaram duramente todas as populações situadas em ambos os lados da linha de fronteira. Em finais do século e com o Tratado de Alcoutim (1371), procurava-se a mais e em tempo de tréguas a diplomacia continuou, os cenários para firmar a paz foram apontados entre 1939 e 1402, as vilas de Olivença e Villanueva de Barcarrota foram seleccionados, mas o primeiro sentimento de uma paz duradoura ocorreu quase dez anos depois com a assinatura do Tratado de Ayllón em 1411 e devidamente confirmado com o Tratado de Almerim em 1423 … estavam criadas as condições para refrear as ambições de ambas as coroas abrindo-se um período de entendimento e de relações cordiais, mas não anulando as ambições imperiais, renovadas com a crise política de 1440-1430 sem as consequências políticas e militares da Crise do séc. XIV mas com uma solução definitiva no Tratado de Elvas de 1456 abrindo uma fase de paz e prosperidade até finais da idade Média …