domingo, janeiro 20, 2013

Nos fins da Idade Média ...


Os Hospitalários estavam sediadas  no Crato e  continuavam a percorrer a planície ....  


A Casa de Bragança dinamizava a formação de senhorios e vilas no Alentejo Central 


Os grandes senhorios finalmente estavam consolidados no distrito de Beja


No final da Idade Média, o Alentejo tal como o Algarve mantinham-se como espaços periféricos e marginais marcados por uma ampla dependência dos poderes públicos. A distância, as ligações viárias e a insegurança, contribuíam para o isolamento da planície alentejana, ao mesmo tempo que tais regiões não constituíam uma prioridade da governação e pontualmente a sua voz era “ouvida” nas Cortes Régias. Nas regiões de fronteira, as cidades de Évora e Beja e as vilas de Estremoz, Portalegre e Elvas, mereciam alguma atenção, nomeadamente nos núcleos situados no norte alentejano, uma vez que a sua função estratégica  continuava a merecer alguma atenção. Tal como, se observava em Castela, este “olhar para o espaço fronteiriço” , justificava-se como forma de controlar e precaver qualquer ameaça inimiga e  a rede de castelos de 1º linha na fronteira dos distritos de Portalegre e de Beja, justificava só por si a possibilidade da referida ameaça.  Na verdade, em diversos momentos e não apenas durante as chamadas guerras fernandinas, o espaço da raia do Caia, foi em determinados momentos lugar de estacionamento militar temporário, cenário de incursões inimigas e campo das chamadas guerras de cerco e de assédio. De resto, foi em função destas circunstâncias a partir do reinado de D. Afonso IV , assistiu-se a uma melhoria dos recursos humanos e económicos, como meio de precaver o desenvolvimento das populações fronteiriças e nesse âmbito, a vila de Elvas e as zonas periféricas, Vila Viçosa e Estremoz ganharam alguma notoriedade junto à Coroa Portuguesa. Em parte, já D. Afonso III, já tinha esta intenção de desenvolver o Alentejo Oriental, concedendo foral a Portalegre, Arronches, Estremoz,  Évora Monte  e  Vila Viçosa . Mas o poder imposto do exterior, levanta-se, na vasta planície a Torre do Castelo de Beja, evidencia o poder do Alcaide em todas as terras da cercania, tal como a monumental Sé de Évora evidencia já o poder episcopal em terras onde as fronteiras cristãs há muito estão consolidadas e trata-se agora de conquistar a fé dos homens num espaço de conquista e de defesa da soberania nacional. De facto, no Alto Alentejo, os centros urbanos conheceram maior expansão e a onde a presença senhorial é mais evidente, a Casa de Bragança não só ocupa o topo da hierarquia senhorial como contribuiu para o desenvolvimento de concelhos como Arraiolos, Sousel, Borba, Portel e Monsaraz. Na verdade o número de concelhos que se constituíram para leste da capital do Alentejo é notável perante o “descampado” concelhio do sul alentejano, num espaço onde se instalaram as principais sedes das ordens religiosas a de Avis e a dos Hospitalários. Este último, com sede no Crato, acabará por se tornar a “arma de socorro” dos alcaides de Beja e ao fim ao cabo, foram os Hospitalários que ao longo de três séculos garantiram a soberania nacional, em terras a sul de Évora e da linha de Guadiana em terras a sul de Mértola e com o reino dos Algarves já no horizonte. A nível económico, nos fins da idade Média, a diversidade económica, era naturalmente maior a norte do Mondego, mas nas terras do sul, o centro e o norte do Alentejo, conhecia um franco desenvolvimento, as feiras, afirmaram-se de um modo particular junto à raia e no princípio do séc. XIV, Arronches, Elvas, Borba, Terena e Olivença, formavam por si um núcleo com algum dinamismo económico, bem diferenciado das regiões centrais, que se limitavam as feiras de Évora e Alvito e mais a sul, Moura, Beja e Ourique, evidenciavam ainda um despovoamento notável do território. Aliás, só durante o séc. XV que se formam os grandes senhorios de Beja, Serpa e Moura, nas mãos de D. Fernando, irmão do rei D. Afonso V e em pleno desenvolvimento no último quartel da referida centúria, quando o seu filho, D. Manuel, futuro rei de Portugal partilha a sua ampla riqueza agrária com o seu filho D. Luís que e torna o grande senhor das terras do sul ao mesmo tempo que a larga autonomia administrativa e jurisdicional, contribui decisivamente para a individualidade do Baixo Alentejo.