Astrolábio Planisfério do Rei Afonso, o Sábio -Séc.XIII.
Expedição de João Nova (1501) in Livro das Armadas da Índia.
Fragmento abrangendo a América - Panisfério de Cantino - 1502.
Quando iniciaram a expansão
marítima os portugueses já possuíam um conjunto de conhecimentos e técnicas de
navegação, legadas pelos árabes e judeu, e testadas no Mediterrâneo durante
séculos por venezianos, genoveses, catalães e maiorquinos. Eram elas o leme
fixo à popa (imerso e preso ao cadaste com dobradiças; mais fácil de manobrar e
permitindo mudanças de direcção); a bússola (invenção chinesa que séculos antes
permitiria o traçado das linhas de rumo nas cartas-portulano) e o astrolábio (instrumento
de orientação astronómica de origem grega). Mas, à medida que a navegação ia
avançando no Atlântico, as técnicas náuticas ia avançando no Atlântico, as
técnicas náuticas foram evoluindo, tal como se foi aperfeiçoando a arte de marear.
Os ventos e as correntes, dificultavam a navegação costeira, ao longo da costa
ocidental africana e para ultrapassar esta dificuldade foi necessário construir
uma embarcação que fosse capaz de navegar à bolina, isto é aproveitando os
ventos e navegando ao largo da costa, surgia a caravela (barco veloz,
manobrável e cujas velas triangulares permitiam o aproveitamento dos ventos em
todas as direcções). Com as longas viagens em direcção à África Oriental e América
impunham a construção de navios mais resistentes e maior porte. Surgia a nau ou
galeão, com velas quadrangulares (redondas) e com boa capacidade de
artilharia). A navegação com ventos contrários implicou outra mudança: o
abandono da navegação costeira – que os portugueses praticavam aquando do
regresso da Guiné e da Mina, e adoção da “volta ao largo”, que os levava ao mar
dos Açores. A navegação de cabotagem cede assim lugar à navegação do mar alto (
que podia durar meses sem qualquer referência terrestre). A navegação de rumos
e estima (apoiada na bússola, e em que os rumos e as distâncias percorridas se
calculavam por estimativa). Revela-se igualmente insuficiente, sendo
progressivamente substituída por um conjunto de práticas de medição, a chamada
navegação astronómica – em que a observação e a medição da altura dos astros
(sol, estrela polar, cruzeiro e ursa maior), através do astrolábio, quadrante e
balestilha e a consulta posterior das tábuas de declinação solar e de
regimentos dos astros (elaborados por matemáticos e astrónomos) permitiram (após introdução de correcções aditivas ou subtractivas)
a determinação da latitude e, por conseguinte, da posição do navio.Nos séculos
XV e XVI como resultado da expansão marítima, a cartografia europeia entrou
numa fase de evolução e aperfeiçoamento, projectando-se então os primeiros
mapas elaborados cientificamente e que reviam as concepções medievais. De
facto, com as viagens dos povos ibéricos, nomeadamente as portuguesas
demonstraram-se que a cartografia medieval era incipiente e simplista, como por
exemplo, o planisfério T-O que representava a terra como um disco plano, com
três continentes rodeados por um oceano ou o planisfério de Platomeu do séc.II
que não admitia, a comunicabilidade entre o oceano Atlântico e Índico e que
vigorou até 1490 . Assim e graças ao contributo dos cartógrafos portugueses, os
contornos das terras e dos mares são representados com uma corecção quase
científica; as distâncias em escala aproximam-se da realidade, como é o caso,
do planisfério de Cantino, a mais famosa das cartas portuguesas. (A África
aparece representada com grande exactidão e é esboçado um trecho do litoral
brasileiro). Os mapas passam a ter escalas e latitudes, planos hidrográficos (
e registos de profundidade), informações variadas sobre etnias, fauna e flora,
tudo isto apresentado sob forma de ricas iluminuras. O traçado correto do
Equador, paralelos e meridianos, tornam-se visíveis nas representações
cartográficas nomeadamente no séc. XVI destacando-se entre os cartógrafos
nacionais, Jorge reinel, Diogo Homem e Bartolomeu Velho.