“A criação de uma sociedade em
que todos os Estados, tanto grandes quanto pequenos, cooperassem para a
preservação da paz era o velho sonho dourado do presidente Wilson. Fora essa,
na verdade, uma das principais razões que o tinham levado a entrar na guerra.
Acreditava que a derrota da Alemanha seria um golpe mortal vibrado no
militarismo e que seria possível estabelecer então um controle das relações
internacionais por uma comunidade de poder, ao invés do complicado e
ineficiente equilíbrio de poder. Contudo, para conseguir que a Liga ou
Sociedade das Nações fosse aceite, viu-se obrigado a transigir em numerosos
pontos. Permitiu que na sua ideia primitiva de uma redução dos armamentos “ ao
nível mínimo das condizentes com a segurança interna” fosse formulada de
maneira que lhe dava um sentido completamente diverso, dizendo “segurança
nacional”. Para induzir os japoneses a aceitar a Liga, concordou em deixar-lhes
as antigas colónias alemãs na China. A fim de agradar aos franceses, sancionou
a exclusão da Alemanha quanto da Rússia, a despeito da sua velha insistência de
que ela devia incluir todas as nações. Esses inconvenientes eram bastante
sérios, mas a Liga recebeu um golpe ainda mais grave quando foi repudiada pela
própria nação cujo presidente a havia proposto. Instalada sob auspícios tão
desfavoráveis, a Sociedade das Nações jamais conseguiu cumprir as metas do seu
fundador. Somente em poucos casos logrou afastar o espectro da guerra, e em
todos eles as partes litigantes eram nações pequenas. Mas em todas as disputas
em que se envolviam uma ou mais grandes potências, a Sociedade das Nações não
obteve sucesso”.